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Conheça os títulos do Tesouro Direto que podem dar Prejuízo!

Por Mont Capital 10/06/2019

Tesouro direto pode dar Prejuízo?

Tesouro direto pode dar Prejuízo? Sabendo que o Tesouro Direto é um programa implementado em 7 de janeiro de 2002 pelo Tesouro Nacional do Brasil, em parceria com a B3 – Brasil, Bolsa, Balcão. O objetivo na criação do produto foi popularizar o acesso ao investimento em títulos públicos, possibilitando sua compra por pessoas físicas pela internet através de Bancos e Corretoras de Valores.

Vale destacar que a emissão desses títulos pelo Tesouro Nacional ocorre principalmente em grandes leilões onde os títulos são vendidos em grandes lotes para grandes instituições financeiras. O publico interessado nesses títulos na sua grande maioria são investidores institucionais como, fundos de investimentos, tesourarias de bancos, corretoras de valores e investidores estrangeiros. A parceria entre Tesouro Direto e a B3 permitiu que estes mesmos títulos fossem adquiridos por pequenos investidores de forma fracionada.

Você deve estar se perguntando o que a B3 (antiga Bovespa) tem a ver com a negociações do tesouro direto? Foi essa parceria que permitiu o “fatiamento” desses títulos em frações acessíveis para pessoas físicas. Esta parceria, porém, não é sem custo. Para fazer este trabalho a B3 cobra dos investidores 0.30% ao ano sobre o valor investido. Entretanto, mesmo que as corretoras e bancos não cobrem pela prestação deste serviço, ainda assim o investidor terá que pagar o valor cobrado pela Bolsa.

Hoje são disponibilizados 3 modalidades de títulos com diferentes prazos de vencimento para cada modalidade, num total de 22 alternativas de investimento. Dentre as modalidades, temos os híbridos, com Indexação ao IPCA, os títulos prefixados e os títulos atrelados a SELIC. Dentre os híbridos e os prefixados, existem aqueles que só pagam principal e juros no vencimento e aqueles que pagam juros semestrais, os chamados Cupom.

É preciso analisar de forma mais adequada os títulos prefixados e os híbridos, pois estas duas modalidades podem, em algumas circunstâncias, das prejuízo aos investidores. A tabela a seguir mostra as alternativas de investimento com suas características e prazos:

Mas afinal, como eu posso tomar prejuízo com títulos prefixados ou indexados ao IPCA?

Como mencionado acima, o risco de crédito dos títulos são extremamente baixo, pois quem está por trás desses títulos é do Tesouro Nacional Brasileiro. Se o Tesouro Nacional der o calote os investidores teriam problemas mesmo que estivessem nos maiores bancos no pais, pois todos os bancos que atuam no Brasil têm suas reservas em títulos públicos. O grande problema dos títulos indexados ao IPCA e dos prefixados é o risco de mercado, ou seja, a volatilidade nos preços destes títulos em diferentes condições de mercado.

Esses títulos têm diferentes prazos de vencimento, podendo variar de 2021 até 2050. Quanto maior o vencimento maior o risco de variações nos preços desses títulos. O preço de cada título para diferentes prazos no mercado recebe o nome de PU (Preço Unitário). O PU é o valor que o cliente paga para ter um único título ou para se desfazer desse título. Este PU sobe ou cai proporcionalmente as perspectivas de mercado para as taxas de juros no futuro. Estas perspectivas são influenciadas pela taxa de curto prazo versus perspectivas para a inflação da economia.

Assim, o investidor que aplicar em títulos prefixados ou híbridos estão sujeitos a perdas pelas variações nas perspectivas para as taxas de juros em duas circunstâncias: i) carrega o título até o vencimento: neste caso, o investidor corre o risco das taxas de mercado superarem a taxa de aquisição do título, fazendo que com o ganhos sejam inferiores ao mercado, o que pode ser considerado uma perda; ou ii) desfaz-se do título antes do vencimento: neste caso, se as taxas de juros subirem o investidor pode ter que vender o título por um PU inferior ao PU de aquisição.

Quando você compra títulos prefixados, você está pré-estabelecendo uma rentabilidade no momento da compra daquele ativo. Essa rentabilidade também é chamada de juros ou taxa e só ocorrerá se o investidor carregar o título até o vencimento. Por exemplo, no dia 05/06/2018, o título Tesouro Prefixado 2025 (LTN) oferecia uma rentabilidade de 11,16% ao ano. Essa taxa é a diferença entre o valor de compra de R$ 499,36 e o valor que você terá direito a receber no vencimento do título, que é de R$ 1.000,00 em 01/01/20125 (juros de R$ 560,64 = R$ 1.000,00 – R$ 499,36).

Isso significa que se o valor de R$ 499,36 for ajustado diariamente, somente nos dias úteis, pela taxa de 11,16% ao ano até o vencimento, o valor final seria exatamente R$ 1.000,00. Ou seja, o investidor investe R$ 499,36 e recebe no vencimento R$ 1.000,00, o que equivale a uma rentabilidade de 11,16% ao ano (em reais = juros de R$ 560,64). O preço de compra atualizado pela taxa de 11,16% ao ano até o vencimento é conhecido como preço na curva.

Porém, as condições de mercado mudam constantemente e a taxa de 11,16% praticada para a aquisição do título, provavelmente sofrerá alterações ao longo do tempo. Neste caso, o PU do título na curva passa a ser diferente do PU de mercado. Ou seja, o PU considerando as condições originais de aquisição passa a não existir mais, sendo somente uma referência para quem já adquiriu. O PU de mercado é sempre o PU vigente a cada compra, de forma que se a taxa de juros sobe o investidor tem um deságio maior no valor do título, fazendo com que o PU de mercado passa a ser menor do que o PU de referência, ou PU na curva. Neste caso o investidor está tomando prejuízo, pois se vender o título estaria vendendo por um valor inferior ao valor que deveria valer nas condições originais de aquisição. Mesmo que não venda o título, o investidor estaria perdendo, pois estaria sendo remunerada a uma taxa inferior à taxa vigente no mercado. 

Vejamos um exemplo abaixo:

Ainda seguindo o gráfico acima como ilustração, considere que um investidor tenha comprado uma LTN por uma taxa de 7,76% ao ano, taxa prefixada, que proporcionou um PU próximo a R$ 800 para cada título. Se esta taxa permanecesse até o final o PU aumentaria na mesma proporção da linha azul até chegar ao valor de R$ 1.000,00 no vencimento, o que chamamos de marcação na curva. Conforme já explicado, a marcação na curva consiste no cálculo do PU do título pela mesma taxa de aquisição até o vencimento. No caso da LTN, o valor no vencimento sempre será R$ 1.000,00 e o investidor ganha pela diferença entre o que ele pagou e o valor recebido no final.

Ocorre, porém que a expectativa para as taxas de juros tende a mudar constantemente por diversos fatores, tais como perspectiva para aumento da inflação, descontrole orçamentário do governo, crises externas, etc. Neste caso, o PU efetivo do título tende a flutuar livremente conforme oscilação da perspectiva para a taxa básica de juros, o que chamamos de marcação à mercado. Assim, a marcação à mercado, consiste no PU efetivo pago pelo mercado em diferentes momentos até o vencimento. Lembrando sempre que o PU à mercado depende exclusivamente da taxa de juros praticada no momento. Quanto maior a taxa, menor o PU por causa do maior desconto financeiro.

Do ponto de compra até o ponto 1, podemos observar um aumento do PU à mercado em relação ao PU na curva. Isto ocorreu porque a taxa praticada pelo mercado naquele momento ficou inferior à taxa pactuada na aquisição, de 7,76% ao ano. Se o investidor vender o título neste momento, estará realizando um ganho superior àquele pactuado na aquisição. Esta situação ocorreria também entre os pontos 4 até o ponto 5.

Já do ponto 2 até o ponto 4, podemos observar uma redução do PU à mercado em relação ao PU na curva. Isto ocorreu porque a taxa praticada pelo mercado neste intervalo de tempo ficou superior à taxa pactuada na aquisição. Se o investidor vender o título neste momento, estará realizando um ganho inferior àquele pactuado na aquisição, podendo inclusive tomar prejuízo em alguns pontos entre estes dois valores.

No ponto 3, é possível observar claramente que se o investidor realizar a venda estaria tomando prejuízo. Pois, neste ponto o PU à mercado estaria inferior ao PU de aquisição e não somente ao PU da curva. Ou seja, se o investidor vender o título por um PU inferior ao PU na curva estará realizando uma rentabilidade inferior àquela pactuada na aquisição. Porém, se vender o título por um PU inferior ao PU de aquisição, estaria literalmente tomando um prejuízo. Isto ocorre quando a taxa de juros sobe de forma muito acentuada a ponto de causar uma grande desvalorização no valor de mercado do título, ou no PU à mercado.

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Como funciona o mercado de títulos públicos

Assista ao vídeo preparado pelo tesouro direto onde explica o funcionamento dos títulos prefixados:

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