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Taxa de Câmbio

Taxa de Câmbio: que é ?

Por Mont Capital 10/03/2021

A taxa de câmbio, assim como a inflação e a taxa básica de juros, é umas das variáveis econômicas mais importantes a ser acompanhada pelos investidores. Os impactos da taxa de câmbio sobre a economia são amplos, afetando desde a competitividade das mercadorias brasileiras no exterior, até o preço de produtos básicos vendidos aqui, como alimentos ou combustíveis, podendo afetar, inclusive, a própria inflação.

Ela provoca impactos diretos e indiretos sobre a rentabilidade e os ativos das carteiras, e por isso, deve ser observada de perto pelos investidores. Neste texto, veremos como se dá o impacto das oscilações na taxa de câmbio na economia e nos investimentos, como é possível se proteger destes impactos.

O que é a taxa de câmbio?

De maneira simplificada, a taxa de câmbio representa quantas unidades de moeda local são necessárias para adquirir uma unidade de moeda estrangeira, e vice-versa. Por exemplo, se o dólar norte-americano (USD) estiver cotado a R$ 5,50 serão necessários cinco reais e cinquenta centavos para adquirir um dólar.

As taxas de câmbio são importantes para a economia pois cada país (ou grupo de países) utiliza uma moeda própria em seu território. Normalmente, é comum que os países não aceitem a circulação de moedas estrangeiras em sua economia local, como forma de obter mais autonomia sobre a sua política monetária. Por isso, ao comprar um produto ou ativo em outro país, os investidores precisam converter a moeda que utilizam em seu país de origem para a moeda local, ou então, dependendo da situação, para alguma moeda aceita internacionalmente, como o Dólar, o Euro, a Libra Esterlina ou o Yen japonês. As taxas de câmbio determinam em que proporção ocorrerá essa conversão.

É importante ter em mente que as taxas de câmbio tendem a refletir o poder de compra das moedas dos diversos países. Por exemplo, imagine que um doce custa USD 1,00 (um dólar) nos Estados Unidos, e a taxa de câmbio é de R$ 5,00 por dólar, se for descartado o impacto de outras variáveis, bem como, se assumirmos que a paridade do poder de compra (PPC) e a lei do preço único são válidas neste exemplo, temos que o mesmo doce deverá custar R$ 5,00 no Brasil.

Caso o preço fosse diferente do valor de R$ 5,00 a tendência seria que brasileiros e americanos passassem a comprar os doces somente do país onde ele está mais barato, gerando, dessa maneira, uma pressão sobre a taxa de câmbio e sobre o preço do doce, que o forçaria de volta para um preço de equilíbrio ao longo do tempo (assumindo-se que não existem custos de transação e barreiras para o livre fluxo de doces e capital entre o Brasil e os EUA).

Por mais que as taxas de câmbio tenham uma tendência a convergir, até certo ponto, em termos de poder de compra, nem sempre isso acontece na prática, pois estas taxas são muito sensíveis a diversas outras variáveis econômicas, notícias e expectativas sobre o futuro, podendo oscilar substancialmente de um dia para outro (ou até mesmo dentro de um único dia).

Por isso, para uma análise mais aprofundada das taxas de câmbio, é preciso considerar não somente a taxa nominal, a qual é amplamente divulgada pelos meios de comunicação, mas também a taxa real, a qual é calculada levando-se em consideração a inflação de ambas as moedas.

Como as taxas de câmbio influenciam a economia?

Em um mundo globalizado, no qual existem grandes fluxos comerciais e financeiros entre os países, as taxas de câmbio desempenham um papel muito importante na economia.

Para as empresas, as taxas de câmbio podem gerar impactos diretos na receita (caso a empresa exporte seus produtos e serviços) e na despesa (caso a empresa utilize insumos importados para fabricar seus produtos). Por extensão, estes impactos se refletem também na lucratividade da empresa, o que pode gerar consequências para os preços das ações que ela emitiu, caso seja uma companhia de capital aberto.

Para o governo, as taxas de câmbio podem facilitar, ou dificultar, o pagamento e rolagem da dívida externa, caso o país tenha emitido títulos em moedas estrangeiras.

Para as pessoas, no dia a dia, as taxas de câmbio impactam não somente na hora de viajar para outros países, mas principalmente, por meio do aumento que ela pode ocasionar nos preços dos bens e serviços, na forma de inflação. Os efeitos que as oscilações sobre a taxa de câmbio podem ter nas empresas também podem, como desdobramento, gerar desemprego.

Por fim, até mesmo o desenvolvimento econômico de longo prazo de uma nação pode ser afetado pela taxa de câmbio, visto que taxas mais altas estimulam a importação, as quais, sem o devido cuidado, podem tomar o espaço da indústria local, levando a uma desindustrialização e/ou dependência excessiva de produtos importados.

E como o câmbio pode influenciar os meus investimentos?

A taxa de câmbio pode afetar direta ou indiretamente o desempenho de uma carteira de investimentos. Caso o investidor possua fundos cambiais, que investem praticamente todo o seu patrimônio em determinada moeda estrangeira, ele será afetado diretamente pelas oscilações que ocorrerem na cotação daquela moeda.

Outras aplicações nas quais o efeito do câmbio é sentido mais diretamente são os fundos de investimento que aplicam seu capital em ativos no exterior, BDRs e commodities.

Indiretamente, entretanto, o câmbio pode impactar também os mercados acionários, visto que, como explicado anteriormente, ele pode influenciar na lucratividade das empresas. Ele também pode influenciar as taxas de juros futuras, visto que uma taxa de câmbio mais elevada pode desencadear um processo inflacionário, gerando, dessa maneira, a necessidade de elevação das taxas de juros. Isso pode provocar oscilações na rentabilidade de títulos de renda fixa pré-fixados do Tesouro Direto ou de entidades privadas.

Como proteger-se das oscilações do câmbio?

Como foi mencionado na seção anterior, existem diversos ativos com exposição internacional que podem ajudar a atenuar os efeitos do câmbio em uma carteira de investimentos.

Embora os fundos cambiais sejam uma das primeiras alternativas que vem à mente quando se pensa nesse assunto, eles definitivamente não são a única. Estes fundos são interessantes para quem deseja possuir liquidez em moeda estrangeira, visto que, normalmente, permitem resgates em prazos curtos.

Por outro lado, para quem deseja manter o valor aplicado por mais tempo, pode ser interessante buscar opções que gerem rentabilidade ou paguem juros em moeda estrangeira, como fundos que investem em títulos públicos ou dívida corporativa de outros países.

Também é possível investir em ações de empresas estrangeiras, seja diretamente, por meio de corretoras internacionais, ou indiretamente, por meio de BDRs, recibos que representam ações de companhias estrangeiras, porém são negociados na bolsa brasileira e denominados em reais. Vale lembrar, entretanto, que as ações e BDRs são ativos de renda variável, ou seja, por mais que ofereçam proteção contra as oscilações da taxa de câmbio, ainda podem ver seu preço oscilar fortemente em função de outras variáveis.

Investir em ações de empresas brasileiras exportadoras, que recebem grande parte de sua receita em dólares, também é uma possibilidade, embora, assim como pode ocorrer com BDRs e ações no exterior, o preço de ações de empresas domésticas pode ser fortemente influenciado por outros fatores, sem nenhuma relação com o câmbio, gerando assim, maior risco e imprevisibilidade para o investimento.

Obtendo ajuda profissional

Estruturar uma carteira com adequada exposição às diversas classes de ativos nem sempre é tarefa simples. Embora alguma exposição a ativos internacionais geralmente seja recomendada, é preciso moderação na hora de delimitar qual será o tamanho do patrimônio dedicado a esta classe de ativos.

Contar com ajuda profissional pode ser uma ótima maneira de obter orientação e apoio para saber como estruturar esta carteira. Entre as diversas categorias de profissionais existentes no mercado financeiro, uma que merece destaque é a de planejadores financeiros.

Este profissional, cujos serviços estavam restritos apenas aos clientes do segmento private bank, ou de Family offices, até recentemente, é capaz de realizar um diagnóstico completo de toda a situação financeira do cliente, ajudando-o não somente na parte de investimentos, mas em diversas outras áreas, como orçamento doméstico, seguros, previdência, dívidas, tributação, entre outras.

Porém, é preciso atentar para o fato de que o planejador financeiro só pode indicar aplicações específicas para o seu cliente caso esteja credenciado como consultor de investimentos junto à CVM.

Outro profissional que pode ser de grande ajuda para o investidor que deseja obter diversificação internacional para a sua carteira é o gestor de recursos. Trata-se de um especialista com qualificação e experiência para desenhar um portfólio sob medida para as necessidades e objetivos do investidor. Além disso, o gestor de recursos operacionaliza todos os investimentos para o cliente por meio de uma carteira administrada (ou fundo exclusivo), de maneira que o investidor conta não somente com a gestão profissional, mas também a facilidade e praticidade de não precisar executar as operações.

Enfim, independente do caminho adotado, é sempre importante estar atento à taxa de câmbio e aos impactos que ela pode provocar em sua carteira de investimentos.

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